terça-feira, 15 de novembro de 2016

Era uma manhã de terça-feira, o sol estava brilhando forte e a minha aula começava às 10h. Acordei, levei as roupas de cama para lavar, me ...

Um bilhete para o ladrão

Um comentário :
 
Era uma manhã de terça-feira, o sol estava brilhando forte e a minha aula começava às 10h. Acordei, levei as roupas de cama para lavar, me preparei para ir à aula e fui buscar a minha bicicleta. Sempre a deixo nas escadas do estacionamento, destrancada.

Para minha surpresa ela não estava lá. Foi um impacto, algumas preocupações comuns me sondaram e imediatamente olhei no relógio, eram nove horas, precisava ir à aula, fui a pé.

Assisti à aula, voltei para casa para almoçar e decidi fazer um recado para o ladrão, pois acreditava que o tal morasse ali no meu prédio e talvez se sensibilizasse com o recado e me devolvesse.

Escrevi em uma folha sulfite o seguinte:



E com uma fita adesiva deixei as chaves pregadas no sulfite que colei na porta das escadas que dá acesso ao estacionamento. Voltei pra casa e continuei com a minha rotina.

Mais tarde, a Júlia me escreveu no Messenger do Facebook dizendo que tinha visto a minha bicicleta na Universidade e me perguntou, se por acaso, eu não a tinha esquecido lá. Eu, ainda duvidoso, pensei sobre e seguramente, segundos depois, respondi que não havia essa possibilidade, pois na noite anterior eu fiquei até às 22h na Universidade e voltei naquele frio cortante.

Ela me mandou uma foto, era a minha bicicleta. Decidi ir à Universidade imediatamente, assim poderíamos esperar o “ladrão” quando fosse recuperar a bicicleta e interrogá-lo.

Cheguei à Universidade por volta das 21h30 e ficamos ali, conversando, próximo a bicicleta, enquanto a olhávamos, quase sozinha. No estacionamento, passavam distintas pessoas e algumas delas buscavam as suas bicicletas, ao lado da minha. A cada aproximação crescia a ânsia de se aproximar-se, mas não era e esperávamos novamente.

Racionalmente decidimos que se até às 22h o meliante não aparecesse ficaríamos com aquela dúvida para sempre do que aconteceu, mas eu voltaria para a casa com a minha bicicleta.

Por volta das 22h uma chinesa apareceu e se encaminhou até o estacionamento das bicicletas e foi se acercando. A Júlia e eu nos olhamos imediatamente e dissemos: não é possível! Ao tocar as mãos no guidom da bicicleta nós dois a interrompemos.

Tentando parecer calmo, eu comecei, mais ou menos assim:

- Olá, tudo bem?
- Tudo bem - Ela me disse. E olhando para a Julia, exclamou: Júuuuuuulia.

Não sei quem mais ficou surpreso com essa exclamação.

- Ah, você conhece a Júlia? Eu tentei recuperar o diálogo.
- Sim, disse sorrindo.
- Ah, que bom. (Pensei e disse!)

Para encurtar esse texto, vou contar o final.

Ficamos a perguntar sobre como ela encontrou a bicicleta, se era dela, de quem era e por fim eu falei que a tal bicicleta era minha e que tinha pensado que a haviam roubado naquela manhã. Ela nos contou que um amigo tinha deixado uma bicicleta no meu bloco e que a emprestara. Como a minha bicicleta estava sem cadeado e tinha as características da bicicleta do seu amigo ela a tomou emprestado.

No final dessa história descobrimos que tudo não passou de um mal entendido, recuperei a minha bicicleta e voltamos para a casa conversando e dando muitas risadas. A chinesa mora no bloco 9 e eu no 6, temos amigos em comum, mas nunca havíamos conversado. Ela é uma moça muito simpática e inteligente, estuda português na Universidade de Aveiro e também está aqui fazendo intercâmbio.

Eu achei essa história tão interessante, pois do dia para a noite o que eu pensei de manhã, já era diferente à noite e tive de volta a minha companheira de rotina e ainda ganhei uma amiga.

Bom pessoal, é isso.

Espero que tenham gostado da história. Até a próxima semana. Abraços.

Um comentário :