terça-feira, 14 de março de 2017

Olá, pessoal. Escrevo em uma tarde ensolarada. O clima está esquentando e trazendo mais energia para a minha vida. O sol daqui não é ...

Cultura Portuguesa

Um comentário :
 
Olá, pessoal.

Escrevo em uma tarde ensolarada. O clima está esquentando e trazendo mais energia para a minha vida. O sol daqui não é tão quente quanto ao que eu experimentava andando pelas ruas de Uberaba. Aveiro tem a ria, um canal de água, que refresca a cidade deixando as manhãs frias e as tardes refrescantes. 

Gosto muito do entardecer visto pela janela da biblioteca da Universidade e quando caminho de volta para casa, lá pelas 18h, procuro um caminho que favorece essa contemplação. Já é possível notar a presença das flores amarelas envolta das árvores, os brotinhos verdes dando sinal da aproximação da primavera e as gramas, que forram o chão da Universidade, estão cheio de margaridinhas.

A Universidade é um lugar muito querido, pois é aqui que passo a maioria do meu tempo. Tenho tido professores muito bons, alguns mais que outros devido a minha afinidade pela matéria ou pelo estilo do professor em dar as aulas. 

Esta postagem será sobre a disciplina: Cultura Portuguesa I, a minha ideia inicial dessa disciplina era um composto de preconceitos e visões inadequadas que foram desconstruídas nas primeiras aulas. Iremos estudar a cultura portuguesa, mas para isso ser entendido precisamos antes compreender qual a diferença entre Identidade nacional e identidade coletiva. Conforme o professor, estamos a passos lentos com o propósito de consolidar essa diferença para que possamos analisar o que seria essa tal cultura portuguesa.

Talvez eu não saiba expressar tudo o que essa disciplina tem contribuído para a alteração na minha visão de mundo, pois a cada aula o professor nos faz refletir sobre diversas ideias que antes era encarado como verdades absolutas. Embora ele assinale que estamos caminhando devagar, acredito que estamos indo rápido, pois é tanta coisa nova que eu fico pensando o que seria caminhar a passos largos.

Vimos até agora que a “etiqueta comum”, o estereótipos sociais, se tornam mais forte do que a realidade. A ideia de identidade nacional é um conjunto das experiências do passado, narrativas e seleções dos episódios históricos que tentam chegar a uma conclusão, uma reflexão de memórias. 

A formação da Identidade nacional é formada a partir do século XIX baseada nos escritores intelectuais e na percepção histórica e social envolta dos acontecimentos, quase sempre condicionado a uma visão. 

Aprendemos também sobre a consciência coletiva, a dicotomia do antes e depois, o valor mítico e o valor racional. As diferenças entre as crenças e as verdades científicas, os ciclos históricos e as visões pessimistas alicerçadas na crítica equilibrada. 

Estamos tentando observar o perigo do discurso nacionalista fundamentado pelo orgulho e elogio excessivo que mascara os anseios e os projetam em um ideal que se afasta da realidade gerando as prisões identitárias. Também estamos aprendendo sobre as questões que permeiam o patriotismo, emoções egoísticas, progressão e projeção simbólica.

Por ora estamos tentando entender como a identidade se forma a partir de um sistema de relação social, um espelho que refletem afinidades, conflitos e aproximações. Buscamos raciocinar sobre a identidade portuguesa a fim de identificar se o que dizemos do país é um reflexo de um estímulo interno, ou um discurso social atemporal construído a partir de ideias fixas e propagada através dos tempos.

Outra questão importante em que refletimos é sobre as liberdades individuais. O que seria o consenso na liberdade individual e coletiva? Procuramos reconhecer na excentricidade uma forma de alargar a nossa visão e entendimento da liberdade a fim de perceber a empatia e aceitar a diferença promovendo a nós uma libertação de uma visão restrita de limite que não nos apercebemos.

Ao longo das aulas conversamos sobre as convenções sociais e suas regras transitórias, portanto a reflexão acerca da questão de normalidade invoca a maneira de enxergar os modelos sociais diferentes. Tal fundamentação caracterizada por autoridade, por ídolos sociais ou então por convenções geradoras de um protótipo do que é considerado normal.

Um pouco complicado de entender? Sim, um pouco, mas acredito com o passar do tempo iremos construir um pensamento integrador desses temas a fim de podermos entender o que seja a tal cultura portuguesa.

Espero que vocês tenham gostado desse breve relato sobre essa disciplina. Nos vemos em breve, até a próxima postagem.

Um comentário :

  1. Agradeço o trabalho de elaboração de Ângelo Ribeiro. Não é fácil escrever sobre assuntos tão repetidos e escorregadios. As suas palavras levam-me a afirmar duas ou três coisas talvez discutíveis mas claras. A identidade nacional é uma das várias identidades colectivas que uma pessoa experimenta e agrega. No século XIX, a consciência nacional não se forma mas torna-se decisiva em termos políticos e culturais e adquire uma feição massificada. Aquilo a que chamamos identidade nacional projecta aspirações colectivas, que se exprimem mediante narrativas históricas e crenças acerca do valor e da diferença em relação às nações vizinhas ou próximas. Estou persuadido de que qualquer tentativa de pôr um conteúdo comportamental ou caracterológico na identidade nacional contém em potência um ataque às liberdades individuais. Procuro não esquecer de que o legítimo amor à pátria é apenas um legítimo amor à pátria, que cada um realiza conforme os seus valores, a sua natureza e a sua predisposição. Os direitos do indivíduo é que devem sustentar a nação e não o contrário. É sobre estes assuntos que vamos continuar a falar na aula, passando a estudar as propostas de compreensão de Portugal expostas por autores fundamentais desde Fernão Lopes a Teixeira de Pascoaes.(Nuno Rosmaninho, professor de Cultura Portuguesa I)

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