Olá, pessoal.
Escrevo em uma tarde ensolarada.
O clima está esquentando e trazendo mais energia para a minha vida. O sol daqui
não é tão quente quanto ao que eu experimentava andando pelas ruas de
Uberaba. Aveiro tem a ria, um canal de água, que refresca a cidade deixando as
manhãs frias e as tardes refrescantes.
Gosto muito do entardecer visto pela
janela da biblioteca da Universidade e quando caminho de volta para casa, lá
pelas 18h, procuro um caminho que favorece essa contemplação. Já é possível
notar a presença das flores amarelas envolta das árvores, os brotinhos verdes
dando sinal da aproximação da primavera e as gramas, que forram o chão da
Universidade, estão cheio de margaridinhas.
A Universidade é um lugar muito
querido, pois é aqui que passo a maioria do meu tempo. Tenho tido professores
muito bons, alguns mais que outros devido a minha afinidade pela matéria ou
pelo estilo do professor em dar as aulas.
Esta postagem será sobre a disciplina: Cultura
Portuguesa I, a minha ideia inicial dessa disciplina era um composto de
preconceitos e visões inadequadas que foram desconstruídas nas primeiras aulas. Iremos estudar a cultura portuguesa, mas para isso ser entendido precisamos
antes compreender qual a diferença entre Identidade nacional e identidade
coletiva. Conforme o professor, estamos a passos lentos com o propósito de
consolidar essa diferença para que possamos analisar o que seria essa tal cultura
portuguesa.
Talvez eu não saiba expressar
tudo o que essa disciplina tem contribuído para a alteração na minha visão de
mundo, pois a cada aula o professor nos faz refletir sobre diversas ideias que
antes era encarado como verdades absolutas. Embora ele assinale que estamos
caminhando devagar, acredito que estamos indo rápido, pois é tanta coisa
nova que eu fico pensando o que seria caminhar a passos largos.
Vimos até agora que a “etiqueta
comum”, o estereótipos sociais, se tornam mais forte do que a realidade. A ideia
de identidade nacional é um conjunto das experiências do passado, narrativas e seleções dos episódios históricos que tentam chegar a uma
conclusão, uma reflexão de memórias.
A formação da Identidade nacional é
formada a partir do século XIX baseada nos escritores intelectuais e na
percepção histórica e social envolta dos acontecimentos, quase sempre
condicionado a uma visão.
Aprendemos também sobre a consciência coletiva, a
dicotomia do antes e depois, o valor mítico e o valor racional. As diferenças
entre as crenças e as verdades científicas, os ciclos históricos e as visões
pessimistas alicerçadas na crítica equilibrada.
Estamos tentando observar o
perigo do discurso nacionalista fundamentado pelo orgulho e elogio excessivo
que mascara os anseios e os projetam em um ideal que se afasta da realidade
gerando as prisões identitárias. Também estamos aprendendo sobre as questões que
permeiam o patriotismo, emoções egoísticas, progressão e projeção simbólica.
Por ora estamos tentando entender como a
identidade se forma a partir de um sistema de relação social, um espelho que
refletem afinidades, conflitos e aproximações. Buscamos raciocinar sobre a
identidade portuguesa a fim de identificar se o que dizemos do país é um
reflexo de um estímulo interno, ou um discurso social atemporal construído a
partir de ideias fixas e propagada através dos tempos.
Outra questão importante em que
refletimos é sobre as liberdades individuais. O que seria o consenso na
liberdade individual e coletiva? Procuramos reconhecer na excentricidade uma forma de alargar a nossa visão e entendimento da liberdade a fim de
perceber a empatia e aceitar a diferença promovendo a nós uma libertação de uma visão restrita de limite que não nos apercebemos.
Ao longo das aulas conversamos sobre as convenções sociais e suas regras
transitórias, portanto a reflexão acerca da questão de normalidade invoca a
maneira de enxergar os modelos sociais diferentes. Tal fundamentação caracterizada por
autoridade, por ídolos sociais ou então por convenções geradoras de um protótipo do que é considerado normal.
Um pouco complicado de entender?
Sim, um pouco, mas acredito com o passar do tempo iremos construir um
pensamento integrador desses temas a fim de podermos entender o que seja a tal
cultura portuguesa.
Espero que vocês tenham gostado
desse breve relato sobre essa disciplina. Nos vemos em breve, até a próxima
postagem.
Agradeço o trabalho de elaboração de Ângelo Ribeiro. Não é fácil escrever sobre assuntos tão repetidos e escorregadios. As suas palavras levam-me a afirmar duas ou três coisas talvez discutíveis mas claras. A identidade nacional é uma das várias identidades colectivas que uma pessoa experimenta e agrega. No século XIX, a consciência nacional não se forma mas torna-se decisiva em termos políticos e culturais e adquire uma feição massificada. Aquilo a que chamamos identidade nacional projecta aspirações colectivas, que se exprimem mediante narrativas históricas e crenças acerca do valor e da diferença em relação às nações vizinhas ou próximas. Estou persuadido de que qualquer tentativa de pôr um conteúdo comportamental ou caracterológico na identidade nacional contém em potência um ataque às liberdades individuais. Procuro não esquecer de que o legítimo amor à pátria é apenas um legítimo amor à pátria, que cada um realiza conforme os seus valores, a sua natureza e a sua predisposição. Os direitos do indivíduo é que devem sustentar a nação e não o contrário. É sobre estes assuntos que vamos continuar a falar na aula, passando a estudar as propostas de compreensão de Portugal expostas por autores fundamentais desde Fernão Lopes a Teixeira de Pascoaes.(Nuno Rosmaninho, professor de Cultura Portuguesa I)
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